Redes de movimentos feministas, o estado de Minas Gerais e a democracia: uma discussão sob a perspectiva da teoria política feminista do Sul global

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2019
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Teóricas feministas críticas a perspectivas generificadas que partem do Norte global têm apontado para a necessidade de construção de uma nova prática feminista e de uma transformação da produção acadêmica do campo. Entende-se que tratar da trajetória do feminismo a partir de um discurso generificado constitui um caminho equivocado e excludente, que não contempla os diferentes contextos de vida das mulheres e as especificidades impostas pela vivência nos diferentes territórios e que, por conseguinte, prejudica a capacidade de análise e síntese das transformações políticas passadas e das possibilidades futuras. Nesse sentido, Mohanty (1984; 2003) aponta para a necessidade de análises materialistas pelo feminismo, que considerem tanto a micropolítica do contexto, como a macropolítica das estruturas econômicas e políticas transnacionais. Nesse ponto, deve-se então considerar as especificidades vindas dos entrecruzamentos de preconceitos de raça, classe, gênero, sexualidade e geração, deve-se negar a visão que universaliza as experiências das mulheres e buscar as "diferenças compartilhadas" para a construção de uma solidariedade feminista transnacional e anticapitalista. Entendendo que os feminismos latinoamericanos têm suas próprias vicissitudes e idiossincrasias históricas, Matos (2010) argumenta sobre uma "quarta onda" do feminismo em curso na região e, mais especificamente, no Brasil, que corresponderia às considerações de Mohanty (1984; 2003). Isto posto, este trabalho pretende discutir a organização, a atuação e o entendimento político dos movimentos feministas atuantes no Estado de Minas Gerais à luz de perspectivas analíticas do Sul global e das teorias dos movimentos sociais. Entendendo que tornam-se centrais a construção de vínculos entre diferentes movimentos e a atuação capilarizada em diferentes escalas territoriais, este trabalho se propõe também a compreender, a partir da percepção de atrizes ligadas aos movimentos e de atrizes ligadas à burocracia estatal, como a pasta de políticas para as mulheres do Estado de Minas Gerais e os espaços de participação social por ela facilitados têm incidido sobre as redes nas quais se inserem os movimentos feministas atuantes no Estado. Por discutir espaços formais e institucionalizados de participação, procura também compreender o entendimento das entrevistadas sobre o papel e a atuação da Organização das Nações Unidas nesse sentido. Além disso, discute a atuação do Estado e o momento mais recente do feminismo à luz de teorias que relacionam o associativismo ao aprofundamento da democracia.

Abstract
Feminist theoreticians that criticize generalized perspectives from the global North pointed to the need to construct a new feminist practice and to transform the academic production of the field. Dealing with the trajectory of feminism from a generalized discourse is a way that does not contemplate the different contexts of women’s lives and, therefore, undermines the ability to analyse and synthesize past political transformations and future possibilities. In this sense, Mohanty (1984; 2003) points to the need for materialist analyses by feminism, which should consider both the micropolitics of context and the macropolitics of transnational economic and political structures. At this point, one must consider the specificities that come from the intersection of race, class, gender, sexuality and generation prejudices on women’s lives, and seek the “shared differences” for the construction of a transnational and anti-capitalist feminist solidarity. Given that Latin American feminisms have their own historical vicissitudes and idiosyncrasies, Matos (2010) argues about a “fourth wave” of ongoing feminism in the region, which would correspond to Mohanty’s considerations. Understanding that both the construction of bonds between different movements and the capillary action at different territorial scales become central in this new moment, stronger social networks should be seen. This being said, this research aims to discuss the organization, the practice and the political understanding of the feminist movements acting in the State of Minas Gerais considering the feminist perspectives from the global South and the social movements theories. Also, this paper proposes to comprehend how the Minas Gerais State section for women’s policy and how the United Nations have influenced the networks in which are inserted the feminist movements. For this objectives, interviews with actresses linked to movements and actresses linked to state bureaucracy were made. In addition, it discusses these themes in the light of theories that relate associativism to the deepening of democracy.

Palavras-chave
Citação
RESENDE, Letícia Amédée Péret de. Redes de movimentos feministas, o estado de Minas Gerais e a democracia: uma discussão sob a perspectiva da teoria política feminista do Sul global. 193 f. Monografia (Graduação em Administração Pública) – Escola de Governo Professor Paulo Neves de Carvalho, Fundação João Pinheiro, Belo Horizonte, 2019
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