Bullying nas escolas públicas e privadas: os efeitos de gênero, raça e nível socioeconômico
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2024
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Resumo
O artigo investiga os efeitos dos marcadores sociais de gênero, raça e nível socioeconômico sobre o bullying entre os alunos do 9º ano do ensino fundamental no Brasil. O objetivo é verificar se o fenômeno está relacionado com hierarquias de poder estabelecidas na sociedade, de modo que alunos integrantes dos grupos sociais privilegiados na hierarquia social (isto é, homens, brancos e de nível socioeconômico mais elevado) tendem a praticar mais bullying e discentes de grupos sociais desfavorecidos (mulheres, negros e de nível socioeconômico mais baixo) tendem a sofrer mais bullying. Analisamos dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2015 a partir de Modelos Lineares Generalizados Hierárquicos (MLGH). As análises são feitas separadamente para escolas públicas e privadas e os diferentes tipos de envolvimento dos alunos com o bullying, seja como vítima, agressor e vítima-agressor. Os resultados apontam que, apenas no que se refere ao nível socioeconômico, podemos afirmar que o bullying reproduz a hierarquia de status presente na sociedade. Tanto na escola pública quanto na privada, os alunos de maior nível socioeconômico estão mais propensos a praticarem, enquanto os de menor nível estão mais propensos a sofrerem bullying. Quanto ao gênero, verifica-se que os alunos do sexo masculino têm maior propensão ao envolvimento com o bullying do que as meninas, seja como vítima, agressor ou vítima-agressor. Os diferenciais são mais expressivos nas escolas privadas que nas públicas. No que se refere à raça, observa-se que o envolvimento com o bullying permeia os grupos raciais em múltiplos sentidos.
Abstract
This article explores the effects of social markers of gender, race and socioeconomic status (SES) on bullying among 9th-grade students in Brazil. The aim is to investigate whether students from privileged social groups within the social hierarchy (i.e., men, white individuals, and those of higher SES) exhibit higher rates of bullying perpetration, and conversely, whether students from disadvantaged social groups (women, black individuals, and those of lower SES) are more likely to be victims of these acts. We analyzed data from the 2015 National Survey of School Health (PeNSE) through Hierarchical Generalized Linear Models (HGLM) adjusted separately for public and private schools and for different types of student involvement with bullying: as victim, aggressor, or victim-aggressor. The results indicate that, only as to SES, we can state that bullying reproduces the status hierarchy found in society. In both public and private schools, students with a higher SES are more likely to bully someone, while students with a lower SES are more likely to be bullied. As for gender, it is observed that male students are more prone to be involved in bullying than female students, whether as a victim, aggressor, or victim-aggressor. Differentials are more significant in private schools than in public schools. As for race, it is observed that acting like a bully permeates racial groups in multiple ways.
Palavras-chave
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Keywords
Citação
SILVA, C. S.; VILELA, E. M.; OLIVEIRA, V. C. Bullying nas escolas públicas e privadas: os efeitos de gênero, raça e nível socioeconômico. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 50, p. 1-19, 2024.